Acredite você ou não nas previsões mais fúnebres envolvendo o futuro do PlayStation Vita, há algo que é certo: a biblioteca de games para o portátil não exatamente vingou até o momento — pelo menos quando se considera as projeções iniciais da Sony. Isso faz de qualquer projeto curioso uma promessa auspiciosa em potencial — mesmo que, no fundo, não se trate de algo lá muito original.
Bem, esse é mais ou menos o caso da nova parceria entre a Marvelous AQL e a Sony Japan. Não obstante a pitoresca história regada a sangue (fresco ou coagulado) e o modo cooperativo aparentemente divertido, é impossível considerar que Soul Sacrifice possa mesmo se distinguir da verdadeira leva de RPGs de ação que tem inundado os consoles desde... Bem, desde sempre.
Isso significa que não se trata de algo promissor? Não mesmo. Na verdade, novos detalhes revelados durante a mais recente edição da feira TGS(Tokyo games show) mostraram que sim, é provável que você consiga uma boa dose de diversão descompromissada aqui.
Bem, isso é uma verdadeira aula de sadismo, o que deve dar um novo significado àquele conhecido refrão: “É preciso quebrar alguns ovos para fazer uma omelete”. Além disso, é impossível não ficar com certo feeling de Monster Hunter após acompanhar alguns trechos de jogabilidade. Enfim, vamos aos detalhes.
Conheça a sua nova “leitura de cabeceira”
A história que anima o universo monstruoso de Soul Sacrifice é realmente simples. Ao entrar em contato com determinado livro demoníaco — espécie de cruzamento entre o Necronomicon, do escritor Lovecraft, e um personagem de desenho animado —, você e mais três amigos serão conduzidos a um mundo completamente abarrotado de bizarrices.
Como um bom mago, você terá à disposição uma série de magias, e basta detonar os monstros... Ou não. Na verdade, eis o ponto mais singular da proposta de Soul Sacrifice: toda atividade mágica aqui exige algum tipo de sacrifício. E isso pode ser praticamente qualquer coisa: itens, inimigos, partes do corpo ou membros menos afortunados da sua equipe.
Na verdade, além de imprimir ao game uma aura bastante doentia, a ideia de envolver preços altos na execução de magias dá o tom do que deve ser uma proposta mais estratégica. Isso por um motivo bastante simples: diferentemente das barras que se carregam de tempos em tempos em outros jogos de ação, você possui um número finito de companheiros de equipe, itens e, é claro, membros do próprio corpo.
De qualquer forma, no total, Soul Sacrifice deve trazer 30 tipos de magias para escolher — é claro que, caso você resolva experimentar todas em sequência, poderá acabar como um torso sem braços e pernas.
Entre as possibilidades:
- Uma arma que atira sangue (o SEU sangue, vale mencionar);
- Armadilhas disparadoras de raios;
- Magias com efeito de área;
- Conjurações de criaturas fantásticas.
Há ainda uma magia de natureza bastante extrema, algo que realmente sintetiza a proposta do game. Trata-se de uma manobra suicida que transforma o seu personagem em uma bola de fogo ambulante. O preço é óbvio: a sua vida.
Entretanto, vale lembrar que mesmo as oferendas de partes isoladas do corpo (perceba a vertente econômica da coisa!) acabam gerando efeitos desagradáveis para a jogabilidade. Sacrificar um olho para obter um efeito mágico, por exemplo, deve alterar negativamente o seu campo de visão.
“Ei! Esse monstro poderia ser o seu vizinho!”
Pode-se dizer que a dimensão estratégica de Soul Sacrifice é complementada por outro ponto importante: o drama. Isso porque, diferentemente de outros RPGs de ação, os monstrengos que você e seus companheiros de jornada serão convidados a extirpar não são apenas buchas de canhão com feições horripilantes. Na verdade, assim como o seu personagem, eles também já foram humanos.
De fato, embora o game se passe em um típico universo de fantasia sombria, todos os chefes encarados aqui são misturas de criaturas, digamos, normais. Na verdade, é perfeitamente possível que você acabe encontrando uma gigantesca hidra com um rosto humano, por exemplo — isso sem falar em alguns querubins que provavelmente acabarão aparecendo nos seus pesadelos.
De acordo com a mitologia particular de Soul Sacrifice, essas criaturas são pessoas que foram deformadas por “emoções negativas” durante suas vidas — uma espécie de maldição. Para aumentar ainda mais o apelo ao seu “lado humano”, mesmo os enormes chefes aqui emitem gritos de agonia e desespero durante os ataques. Há, por exemplo, uma mulher que se lamenta pelo namorado perdido — o qual ela devorou... Enfim.
Liberdade de escolha
Partindo do dramalhão criado com as enormes criaturas, Soul Sacrifice deve estampar na tela as seguintes opções: “Salvar” ou “Sacrificar” — estampadas sempre que um monstro é derrubado. Enquanto “Salvar” curará as feridas do seu personagem e aumentará a sua armadura, “Sacrificar” vai “zerar” as suas oferendas, causando ainda bastante estrago no campo de batalha.
Mas, conforme mencionado anteriormente, não é apenas com monstros que essa opção surge. De fato, cada vez que um dos seus companheiros de epopeia for abatido, o mesmo dilema será exibido. Entretanto, nesse caso, um companheiro que não seja salvo poderá continuar a aventura como um fantasma — o qual poderá sondar os antigos aliados ingratos, eventualmente enfraquecendo monstros (basta tocar rapidamente sobre a tela do Vita).
Ataques coordenados e uma experiência social
Deixando um pouco de lado a sanguinolência e a “moeda corrente” bastante doentia do sistema de Soul Sacrifice, há ainda um último ponto digno de nota aqui. Trata-se do que se pode chamar de uma “proposta social”.
De fato, o estilo de jogabilidade predominante em Soul Sacrifice tem (obviamente) muito a ver com o do colosso de vendas Monster Hunter. Esse, por sua vez, transformou-se em um verdadeiro sinônimo de jogabilidade colaborativa, sobretudo no Japão.
Ok, é pouco provável que o típico jogador oriental passe a se encontrar com seus semelhantes para jogar em locais específicos. Entretanto, as mecânicas fundamentalmente estratégicas aqui devem colaborar (acredita a Sony) para conferir ao Vita um status multiplayer semelhante ao do PSP, por exemplo.
Em termos de jogo, isso aparece, sobretudo, em decisões táticas focadas na equipe. Cosias como invocar proteção para membros enfraquecidos, conter o andamento do tempo para que os seus colaboradores possam “carregar” ataques mais potentes etc.
Enfim, embora ainda não possua uma data concreta de lançamento — nada além de “o outono de 2013”, pelo menos —, Soul Sacrifice deve, sem dúvida, trazer um novo gás para o PlayStation Vita. Mais na forma de um bom conteúdo multiplayer do que de uma proposta inovadora, é claro. Vale aguardar por novos detalhes.
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