“Quando uma companhia parte de um conceito muito comum para criar
um jogo, ela tem algumas dificuldades a serem vencidas. A primeira delas
é a de conseguir se sobressair em algum ponto; deve existir algo que
permita ao mercado conseguir diferenciar a produção dela de qualquer
outro trabalho já existente.”
A citação acima vem diretamente de uma coluna recentemente postada aqui mesmo no BJ.
A lição “moral” aí é óbvia: se você não é capaz de reinventar a roda,
então pelo menos dê um jeito de não regurgitar algo totalmente
desprovido de identidade.
Na verdade, a máxima aí serve para praticamente qualquer criação
cultural humana. Em um belo dia, alguém tem um verdadeiro lampejo de
criatividade, conseguindo montar algo genuinamente novo — mesmo que
utilize as mesmas pecinhas de LEGO de sempre.
Para quem fica na periferia, resta a difícil escolha: tentar ser
igualmente inventivo — o que pode originar verdadeiras bizarrices, a
despeito do que prega o tradicional discurso do “abrace a sua ideia” —
ou simplesmente aproveitar o vácuo deixado pelo sujeito da frente.
Bem, mas qual seria o limite para isso? Ao que aprece, há quem
considere o segundo caso a “opção default”. Algo do tipo: “Não perca
tempo criando algo. Simplesmente roube uma boa ideia e tente lucrar”. Há
um bom exemplo para ilustrar isso.
“Be evil” (seja mau)
Um ex-empregado desacorçoado com a produtora Zynga (responsável por
FarmVille, entre outras “pérolas” das redes sociais) resolveu
recentemente jogar um pouco de matéria fecal nas hélices do ventilador
mais próximo. O sujeito (anônimo, é claro) soltou ao site CVG que
o seu antigo chefe, o poderoso Mark Pincus, não apenas tolerava a
usurpação de ideias alheias como ainda encorajava a prática.
Citando as palavras de Pincus — possivelmente enquanto fazia algumas
imitações, pode-se imaginar —, o sujeito disparou: “Eu não quero nenhuma
porcaria de inovação. Vocês não são mais espertos que o competidor.
Apenas copiem o que eles fazem e sigam fazendo isso até atingir os
mesmos números”.
O enraivecido desenvolvedor afirmou ainda que a Zynga possuía um mote:
“Seja Mau” (Be Evil). Ironicamente, mesmo esse emblema é uma cópia — no
caso, de uma conhecida mensagem corporativa da Google. O anônimo ainda
conclui que a produtora é simplesmente um dos lugares mais horrendos em
que já colocou os pés, “tanto de uma perspectiva cultural quanto de
negócios”.
Saídas para um mercado saturado? Simples: desenvolva o seu bom gosto
Ok, longe de mim encher aqui os pulmões para dar corpo a qualquer tipo
de discurso moralista. Assim como no caso do tenebroso e revisitado
assunto da pirataria, parece que uma cartilha de bons costumes do CCCDC
(Clube dos Cidadãos Cumpridores de Deveres Cívicos) dificilmente será
uma saída viável.
Também não parece ser o caso de conclamar desenvolvedores a destinar
algumas horas extras de seus atulhados dias cheios de prazos para
produzir algo de genuíno. Quer dizer, quem faria isso quando se pode
testar, a todo o momento, a elasticidade das leis de marcas registradas?
Isso parece ainda mais ingênuo do que a possibilidade acima.
Não. Parece mais apropriado aqui levar a questão para a outra ponta
desse “zilionário” negócio. Em suma: cópias descaradas possivelmente não
farão sucesso se VOCÊ resolver que aquilo é simplesmente uma bela
porcaria, se VOCÊ resolver trocar aquele seu jogo matador de neurônios
por algo que realmente faça valer um bom dia de jogatina.
Quanto à malignidade dos desenvolvedores... Deixe que a coisa toda se
autorregula. É possível até que alguns deles apareçam com um mote
realmente original — o que seria um bom começo.
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